quinta-feira, 16 de agosto de 2018

O Paraíso por Rubem Alves


O Paraíso por Rubem Alves*
Dizem os fundamentalistas... Ah! Você não sabe quem são eles. Vou explicar. Fundamentalistas são pessoas muito religiosas (se católicas, protestantes, muçulmanas ou judias pouco importa, pois todas pensam do mesmo jeito). Elas pensam que Deus é dono de um jornal. Não só dono como também redator-chefe, repórter e linotipista. Nesse jornal, que se chama O Correio Divino, tudo sai diretamente da pena de Deus, os editoriais, as reportagens, os artigos, os obituários, com a devida autenticação dos carimbos do cartório dos anjos. Por essa razão, tudo o que é ali publicado tem de ser acreditado tintim por tintim, nos seus mínimos detalhes: Deus não espalha boatos falsos, só para aumentar a venda. O Correio Divino publica só o que aconteceu de verdade, não importa quão fantástico possa parecer; para Deus tudo é possível, como o portento de Josué, que fez parar o Sol no meio do céu, e o do profeta Jonas, engolido e vomitado por um peixe, depois de gozar de sua hospitalidade visceral por três dias.
Pois eles, baseados no tal jornal, afirmam que Deus plantou um jardim maravilhoso há muito tempo, quase 6 mil anos, muito longe, lá pelas bandas do Iraque. Por um desentendimento entre Deus, o casal de jardineiros e uma cobra, Deus expulsou os dois de lá e fechou a porta do Paraíso, que nunca mais foi achado. Por lá, hoje, só se acha areia, guerra e petróleo, e dizem os entendidos que foi isso que restou do jardim de Deus, transformado em óleo preto por artes do Demo.
Acho um desperdício. Se o que Deus queria era só plantar um paraisinho, por que gastar tempo e energia fazendo um mundo tão grande, tão bonito, o Rio Amazonas, o Himalaia, o mar, as praias com coqueiros, os riachinhos nas montanhas, o Pantanal e o Lago de Como, que é onde estou agora? Teria sido muito mais lógico fazer um mundo do tamanho do jardim, seria mais fácil tomar conta, e assim tudo caberia num asteróide, como aquele onde morava o Pequeno Príncipe.
Claro que isso tudo que falei é brincadeira, pois não acredito em nada disso. Eu leio os textos sagrados como quem lê poesia e não como quem lê jornal. Prefiro pensar que Deus é poeta a imaginá-lo como dono de um jornal. Existirá ofensa maior para um poeta que perguntar se o seu poema é reportagem?
Sendo esse o caso, posso bem sonhar que Deus não fez um Paraíso só, ele fez muitos, tantos quantas são as suas criaturas, para cada uma delas um Paraíso diferente, e os espalhou pelo mundo inteiro. Em volta de cada pessoa existe um Paraíso diferente do seu, como se fosse uma bolha transparente. Você já viu?
Não. Você nunca viu. Sugiro consultar um oculista, alguma coisa deve estar errada com os seus olhos, você não está vendo direito. Diagnóstico sugerido pelos mesmos poemas sagrados, que atestam que o primeiro dano do pecado foi estragar nossa visão. Com o que concorda Alberto Caeiro, oftalmologista de renome, que diz que não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. O mundo está cheio de cegos com vista perfeita.
Quem oferece colírios curativos para olhos cegos (muito embora só sejam cegos para o belo, tendo vista muito boa para o feio!) é um místico medieval, Ângelo Silésio, que escreveu num dos seus poemas: Quem, dentro de si mesmo, um Paraíso não for capaz de encontrar, não será capaz também de, um dia, nele entrar...
Não quero fazer inveja a ninguém, mas eu estou no Paraíso, aqui na Itália, num castelo, às margens do Lago de Como, cercado de montanhas, que eu vejo agora através da janela do meu quarto enquanto escrevo. São três e meia da tarde, o Sol brilha forte, o castelo está circundado de parques, mais de dez quilômetros de caminhos pelos bosques de coníferas altíssimas, ninféias, fontes com repuxos, o cheiro da resina dos pinheiros vai até o fundo da alma, o silêncio só é quebrado pelo apito dos barcos lá longe e pelo repicar do sino da igreja que acabou de bater. Bateu também dentro de mim uma saudade não sei de quê, eu sou uma saudade imensa cercada de carne por todos os lados...
Fiquei imaginando Deus, andando pelos caminhos onde eu andei, no vento fresco da tarde, do jeitinho como diz o texto sagrado. Ele deve ter sentido a mesma coisa que eu senti: quanto maior era a beleza, maior também era a tristeza. A beleza, em solidão, é sempre triste. Beleza solitária dá vontade de chorar. Para ser boa, a beleza exige, pelo menos, dois pares de olhos tranquilos se olhando, dois pares de mãos amigas brincando, e bocas de voz mansa sussurrando...
Acho que foi naquele momento, quando Deus sentiu tristeza ao ver a beleza, que ele entendeu por que Adão estava tão deprimido: deuses e homens são muito parecidos... E foi então que ele aprendeu – pois Deus também aprende – que não é bom que o homem fique só. Fez dormir Adão, e ordenou que aquilo que ele sonhasse, aquilo mesmo acontecesse. E ele sonhou com dois olhos tranquilos, duas mãos brincalhonas, e uma voz mansa... E assim nasceu a mulher, o sonho mais belo do homem, para trazer alegria ao Paraíso...
Fico mesmo é com dó de Deus. Os entendidos, que privam de sua vida íntima, teólogos, clérigos, papas e cardeais, dizem que não devo me preocupar, pois Ele está sempre em boa companhia, tem mãe puríssima, que nasceu sem pecado. É um filho obedientíssimo, que sempre faz o que lhe é mandado. Dizem que isso basta para a felicidade de Deus.
Discordo. Sem o olhar dos olhos apaixonados, sem o toque das mãos brincalhonas, sem o som da voz mansa, nem Deus pode se sentir feliz.
Essa é uma felicidade possível aos homens. Mas, e Deus? Andando sozinho pelo jardim. Coitado! Tanta beleza. Tanta tristeza...
15/8/93

#TesoITTAPA
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* Texto extraído de: Rubem Alves. Teologia do cotidiano. São Paulo: Olhos D'água, 1994. p. 62-65.


Se por um lado, me gusta o lado ciêntifico da origem do universo. Aceito desde o Terra Planismo até o Globalismo. E quando pesquiso na macro área, tento aceitar tanto o big bang quanto, o universo estacionário, apoiado por Fred Hoyle.
Pois parafraseando Hoyle,  uma teoria era, no final das contas, não menos absurda que a outra.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

SOMA-EU ITTAPA

Soma-Eu ainda é um projeto, a medida que não se formaliza com participantes....

Soma-Eu é uma ideia de construir um caminho de autoterapia usando as bases da Somaiê e Te&So, que geraram a ideia da ITTAPA.

Assim, SOMA-EU pode ser um devir, de quem nos procure pra isso, ou que queira ampliar seu processo nas atividades da ITTAPA.

Ou seja, a partir de Junho de 2018 as atividades básicas são 4:

- PES (AyA) - Sessões de Ayahuasca
- PES (eCo) - Caminhadas e Passeios
- Mãos Na Terra - Atividades em Autobioconstrução no US.
- Soma-Eu - Papos e Conversações com Rui MT

Num sentido mais amplo, as outras atividades fazem parte da SOMA-EU. Mas especificamente ainda é um trilhar terapêutico individual, como marcações e compromissos construídos a espera de cobaias....

domingo, 24 de junho de 2018

OUVIR

Roberto Freire me dizia que eu tinha uma rara capacidade de ser um "ouvinte criativo", que meu silêncio não o deixava constrangido...
Aqui vamos postando textos interessantes pro auto desenvolvimento que a SOMA-EU propõe....
Rui MT/dC
 
Como bons ouvintes realmente se comportam
Jack Zenger e Joseph Folkman

18 de junho de 2018
Provavelmente você acha que é um bom ouvinte. A avaliação que as pessoas fazem da sua habilidade de ouvir é bem parecida com a que fazem da sua habilidade de dirigir, na qual a maioria dos adultos acha que está acima da média.
Nossa experiência revela que a maioria das pessoas acredita que ouvir bem significa fazer três coisas:
• Não falar enquanto os outros estão falando
• Demonstrar que está escutando por meio de expressões faciais e sons como “mmm-hmm”
• Ser capaz de repetir aquilo que foi dito, praticamente palavra por palavra
Na verdade, muitos conselhos de gestão sobre ouvir sugerem exatamente essas coisas – encorajam os ouvintes a permanecer calados, a fazer sinal de sim com a cabeça e encorajadores “mmm-hmms” e a repetir alguma coisa como: “Então, deixe-me ter certeza que entendi. Você está dizendo que…” Contudo, pesquisas recentes sugerem que esses comportamentos são insuficientes para descrever os atributos de um bom ouvinte.
Analisamos dados sobre o comportamento de 3.492 participantes em um programa de desenvolvimento formulado para ajudar gestores a tornarem-se melhores coaches. Como parte desse programa, as habilidades de coaching foram analisadas em avaliações 360 graus. Identificamos aqueles que eram considerados como os melhores ouvintes (os top 5%). Depois, comparamos os melhores ouvintes com a média de todas as outras pessoas no banco de dados e identificamos os 20 itens que mostravam as mais significativas diferenças. Em posse desses resultados, identificamos as diferenças entre os melhores e médios ouvintes e analisamos os dados para determinar quais características seus colegas identificaram como comportamentos que os destacavam como ouvintes notáveis.
Chegamos a conclusões surpreendentes, além das qualidades que já esperávamos ouvir. Agrupamos em quatro principais descobertas:
• Saber ouvir vai bem mais além do que ficar em silêncio enquanto o outro fala. Ao contrário, as pessoas consideram os melhores ouvintes aqueles que, de tempos em tempos, fazem perguntas estimulando descobertas e insights. Essas perguntas desafiam de modo sutil velhas opiniões, mas o fazem de maneira construtiva. Ficar sentado fazendo sim com a cabeça não prova que a pessoa está ouvindo. Porém, se ela fizer uma boa pergunta, o falante saberá que o ouvinte não apenas escutou aquilo que foi dito, mas que entendeu bem o suficiente para querer mais informação. Saber ouvir era constantemente visto como um diálogo de mão dupla, ao invés de uma interação de via única com “falante versus ouvinte”. As melhores conversas eram ativas.
• Saber ouvir inclui interações que desenvolvem a autoestima de uma pessoa. Os melhores ouvintes faziam das conversas uma experiência positiva para a outra parte, o que não acontece quando o ouvinte é passivo ou crítico. Bons ouvintes fizeram a outra pessoa sentir-se amparada e demonstrar confiança no outro. Saber ouvir foi caracterizado pela criação de um ambiente seguro no qual problemas e diferenças puderam ser discutidos livremente.
• Um bom ouvinte faz uma conversa ser colaborativa. Durante essas interações, os feedbacks foram dados tranquilamente em ambas direções sem que nenhuma parte ficasse na defensiva sobre os comentários que eram feitos pela outra parte. Por outro lado, os maus ouvintes eram competitivos – escutavam apenas com o propósito de identificar erros de raciocínio e lógica, usando o silêncio como uma chance para preparar a próxima pergunta. Isso pode fazer de você um excelente orador, mas não o torna um bom ouvinte. Este pode contestar ideias e discordar, mas de modo a ajudar o falante e não para ganhar uma discussão.
• Os bons ouvintes costumam fazer sugestões. Com certeza, souberam dar feedbacks que foram aceitos e abriram caminhos alternativos para reflexão. De certa maneira, essa descoberta nos surpreendeu, pois diversas vezes escutamos reclamações como “fulano de tal não deu ouvidos, simplesmente entrou na conversa e tentou resolver o problema”. Talvez os dados estejam mostrando que fazer sugestões não é o problema, mas sim o jeito de fazê-las. Outra possibilidade é que estamos mais abertos a aceitar sugestões de pessoas que já consideramos bons ouvintes. (Alguém que fica em silêncio o tempo todo e que quando entra na conversa faz uma sugestão não deve ser digno de crédito. Alguém que parece ser agressivo ou crítico, mas tenta dar um conselho não deve ser confiável.)
Muitos de nós achávamos que um bom ouvinte era como uma esponja que absorve exatamente o que a outra pessoa está dizendo. Contudo, essas descobertas revelam que um bom ouvinte é como um trampolim. São pessoas que impulsionam suas ideias – e, ao contrário de absorver suas ideias e energia, dão amplitude, disposição e clareza aos seus pensamentos. Fazem você se sentir melhor não porque estão simplesmente absorvendo de forma passiva, mas porque o estão amparando ativamente. Isso possibilita que você ganhe energia e altura, como se estivesse pulando em um trampolim.
Claro, há diferentes níveis de ouvintes. Nem toda conversa exige que os ouvintes estejam nos mais elevados níveis, mas muitas conversas seriam melhores se houvesse maior foco e capacidade de ouvir. Qual nível você gostaria de alcançar?
Nível 1: O ouvinte cria um ambiente seguro no qual assuntos difíceis, complexos ou sensíveis podem ser discutidos.
Nível 2: O ouvinte deixa de lado distrações, como telefones e laptops, concentrando sua atenção na outra pessoa e mantendo um bom contato visual. (Esse comportamento afeta não só a imagem do ouvinte, mas de imediato influencia a própria atitude do ouvinte e sentimentos íntimos dele. Desempenhar o papel altera o modo como se sente por dentro. E isso o torna um ouvinte melhor.)
Nível 3: O ouvinte busca entender a essência daquilo que a outra pessoa está dizendo. Ele pega as ideias, faz perguntas e reformula assuntos para confirmar se o seu entendimento está correto.
Nível 4: O ouvinte percebe sinais não verbais, como expressões faciais, transpiração, respiração, gestos, postura e vários outros discretos sinais de linguagem corporal. Estima-se que 80% da comunicação venha desses sinais. Pode parecer estranho para alguns, mas escutamos tanto com os olhos quanto com os ouvidos.
Nível 5: O ouvinte entende cada vez mais as emoções e os sentimentos da outra pessoa sobre o assunto em questão, identificando-os e reconhecendo-os. O ouvinte compartilha e respeita esses sentimentos, sendo solidário e sem fazer julgamentos.
Nível 6: O ouvinte faz perguntas para esclarecer as opiniões expostas pela pessoa e a ajuda a tecer considerações sob outro enfoque. O ouvinte pode introduzir novos pensamentos e ideias sobre o assunto que podem ser úteis para a outra pessoa. Contudo, um bom ouvinte jamais domina a conversa para que ele ou o seu assunto sejam o centro da atenção.
Cada um dos níveis desenvolve-se a partir dos outros. Portanto, se você foi criticado, por exemplo, por oferecer uma solução em vez de apenas ouvir, isso significa que é preciso prestar atenção aos outros níveis (como deixar de lado distrações ou compartilhar sentimentos) antes que as suas sugestões sejam bem-recebidas.
Pensamos que quando somos bons ouvintes, somos mais propensos a nos controlar ao invés de ir longe demais. Esperamos que essa pesquisa traga uma nova perspectiva sobre saber ouvir. E que aqueles que se acham superiores acerca de suas habilidades como ouvintes vejam como realmente se comportam. Também esperamos que se enfraqueça o senso comum de que saber ouvir é principalmente saber agir como uma esponja absorvente. Por fim, esperamos que todos percebam que a melhor forma de ouvir o outro é fazer o mesmo papel que um trampolim faz para uma criança. Dar energia, rapidez, altura e amplitude. Essas são as marcas de um excelente ouvinte.
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Jack Zenger é CEO da consultoria Zenger Folkman, especializada em desenvolvimento de lideranças. É coautor do artigo “Como se tornar indispensável” da edição de outubro de 2011 da HBR e do livro Speed: how leaders accelerate successful execution (McGraw Hill, 2016)

quinta-feira, 19 de abril de 2018

intensivo de ITTAPA - 5 e 6 maio 2018

Nada como a sabedoria do senhor TEMPO. 
Depois de uma looonga gestação nasce a SOMA-EU (ITTAPA).
Após organizarmos nossa MOEDA TESO, e ITTAPA com sua metragem quadrada no Uiara Solarium.

Convidamos para um início em 5 e 6 de maio de 2018, em Visconde de Mauá, no Uiara Solarium, Vale do Pavão.



Evento com atividades independentes, cada um participa na que quiser.

1 - PES (eCo) Caminhada e passar na Cachoeira do Arco-íris e no Poço do Marimbondo - sábado as 9h no Vale do Pavão - 50 reais e receba um Teso.

2 - PES (AyA) Vivência com Ayahuasca. sábado das 18h as 24h no Vale do Pavão - 100 reais e receba um Teso. (para participante antigo

3 - SOMA-EU  Reflexões - Papos e dinâmicas corporais. domingo 9h no Vale do Pavão - 75 reais e receba um Teso.

quem participar de tudo não paga a hospedagem,
200 a 225 reais por pessoa e receba 2 Tesos.



ITTAPA
Rui ZAP (24)9.9297-4065

https://www.facebook.com/events/375652176173938/

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

SOMA-EU 2018

Esse ano tive uma recaída e ameacei voltar as 'babilônias' com a SOMA-EU.

Volto atrás e confirmo que nesse ano ainda é ano de me cuidar e cuidar da terra.

Pretendo estar aberto a pessoas que queiram conhecer a SOMA-EU, mas que isso aconteça virtualmente ou em encontros em VISCONDE DE MAUÁ...

Está completando um ano que criei a ITTAPA (Igreja do Tesão), e agora veio a Invervenção Militar no Estado do RJ.

A sensação é que as coisas irão piorar nos próximos meses e anos, assim a ITTAPA ainda está germinando, preparando terreno pra um lado oficial (CNPJ) e outro lado com a moeda TESO com sua ligação com o Uiara Solarium...

Interessados na SOMA-EU, se comuniquem= somaterapia@gmail.com, zap (24) 99297-4065